quarta-feira, 6 de outubro de 2010

E nós aonde vamos?

         Não é preciso ser educadora para constatar que a educação é a base de tudo. Todos reconhecemos isso; a sociedade, os profissionais da educação, a comunidade escolar, a mídia, os governantes. Somos alertados ainda mais nesta época de campanhas políticas. Eles, os candidatos, identificam o erro, prometem mudanças urgentes e nada acontece. A falta de vontade política associada à falta de interesse de boa parte da sociedade em melhorar esse quadro, compromete o futuro dos jovens que crescem sem opção de escolhas. Sem uma educação de qualidade e sem qualificação profissional, o mercado de trabalho torna-se cada vez mais distante. Torna-se um sonho, uma utopia. De dois em dois anos nós os elegemos em busca de melhoras, mas um povo sem consciência política termina escolhendo àqueles que não têm compromisso em trazer melhorias coletivas, apenas visualizam as melhorias pessoais.
A preocupação da maioria dos políticos é com a estatística do índice de analfabetismo colocando como alfabetizado todo aquele que sabe desenhar o seu nome. Para ele não interessa se o cidadão é letrado ou não E não sendo letrado exerce realmente a plena cidadania? Sem o cesso as letras ele realmente sabe decidir sozinho? Ele sabe da importância de não comercializar o seu voto? Vivemos numa democracia e vence aquele mais votado. Será que para eles não é melhor assim? Ter dinheiro para comprar votos ou barganhá-lo por uma dentadura é bem melhor do que discutir estratégias, fazer planejamento para executar ações que melhorem a vida da comunidade, inclusive as escolas dos nossos filhos.
Uma escola de qualidade, com educação de qualidade, sabemos nós, mudaria todo esse quadro. Dizem que a educação liberta. E o indivíduo livre não se deixa domar. Para que haja esta transformação, não seria necessário nenhuma estratégia mirabolante, milagre ou rios de dinheiro. Seria sim, um grande desafio elevar a sua qualidade e adequar o ensino a era da informação. Mas não impossível. Obviamente seria necessário o interesse coletivo pela mudança, a criação de um novo modelo de gestão associado a profissionais competentes, motivados e com melhores condições de trabalho.    
Sem opção de uma vida profissional digna, os nossos jovens são marginalizados pela sociedade e pelo mercado de trabalho. Sem emprego e sem acesso ao mundo informatizado e ainda sem uma consciência critica sobre a valorização do ser humano, numa sociedade em que se prioriza quem detém poder e riqueza, abrem-se as portas do submundo. As drogas, um mercado em expansão, requisita estes jovens que rapidamente adquirem o que acham ser essencial à vida: dinheiro e poder. E assim, a violência se dissemina e bate a nossa porta diariamente. Já não mais podemos andar sozinhos, sair com algo de valor, sacar no banco o nosso salário, dirigir com os vidros abertos, ficar na calçada conversando com um amigo, já não mais podemos sair de casa, tampouco ficar em casa. Estamos condicionados a ter medo de tudo. Medo da hora, medo de ciclistas, de motoqueiros, medo de chegar, de ir, de ficar, medo até da aparência das pessoas. Cercamo-nos de cuidados e de tecnologia para evitar que ela chegue até nós, mas é inevitável. Estamos praticamente a mercê do acaso, da sorte. A tendência é cada vez mais nos isolarmos, sair apenas o necessário. Enquanto isso, as autoridades preferem construir mais presídios a escolas e gradativamente, percebemos claramente a sua evolução com o passar dos tempos.
E nós, aonde vamos?

Texto: Marta Adalgisa Nuvens

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