quarta-feira, 6 de fevereiro de 2013

Você

Eu lhe pedi para não me olhar assim com esse olhar profundo de quem lê o pensamento, os mistérios... meus mistérios. Olhar de descobertas que mergulha em mim, invade a minha alma e descobre os meus segredos.
Eu lhe pedi para não me sorrir assim com esse sorriso que me encanta, alegra o mundo e inunda os meus sonhos e minhas fantasias. Sorriso que afoga as tristezas, as mágoas, as desilusões e derrete o gelo mais sólido de todos os medos.
Eu lhe pedi para não me ouvir assim atentamente, com cara de quem sabe tudo, escutando todos os meus lamentos e fazendo-os seus. Fazendo-me abrir todas as portas e janelas da alma para deixar a luz e esse calor entrar e secar todos os resquícios de dúvidas, incertezas, frustrações e indecisões.
Eu lhe pedi para não me falar assim com essa voz quente, carinhosa. Voz que, como as águas de um rio, inundam e descem no seu curso me enchendo de sossego, de certezas, de porto seguro, de destino certo.
Eu lhe pedi para que não me tocasse assim com essa sincronia tão perfeita que só conseguem os amantes, os cúmplices. Com a delicadeza de uma musica; com o calor de manhãs mornas de verão, com a grandeza de explicar o inexplicável, de esclarecer o que não se pode ser esclarecido e com a ternura de uma folha molhada pelo orvalho.
         Ah! Eu lhe pedi tanto que não fosse embora e me deixasse assim tão vulnerável, tão impregnada de você. Envolvida nessa magia de querer bem infinitamente, mergulhada em você, reduzida a você. E agora condenada a essa saudade que será infinita enquanto durar.

Marta Adalgisa Nuvens

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