terça-feira, 21 de setembro de 2010

O seu sorriso

   

É hora de ir. Levantar acampamento e seguir viagem. Recolher os sonhos e reembalá-los em papel de presente para o próximo encontro.
É hora de ir. E não se trata de pressa. Quando armei a minha barraca de esperanças em frente ao seu sorriso, sabia que ia esperar. Era uma espera gostosa acalentada pela sua voz e iluminada pelo seu sorriso.
É hora de ir. Não se trata de querer. Nem sempre fazemos o que queremos. Às vezes fazemos o que se é necessário fazer para não reduzir pela metade o tamanho do sonho que sonhamos ter.
É hora de ir. Não se trata de gostar. Tudo o que eu queria no momento era continuar a acordar com o seu sorriso e a dormir com o perfume dos teus cabelos.
É hora de ir. E não se trata de ser forte. Percebi que o seu sorriso já não era mais meu, que seus olhos já não me olhavam como antes, que o seu pensamento já não pensava mais em mim como pensei.
É hora de ir. Mudar de ares, ver outras paisagens, precisar estar sozinha para observar o tamanho do vazio que será viver sem o seus sorrisos. Sorriso de quando me via, sorriso de quando conversávamos, sorriso de uma piada boba, sorriso de gozação, sorriso de consentimento, sorriso de cumplicidade, sorriso de quando eu tropeçava nas sílabas das palavras.
É hora de ir. Encarar a realidade. Curar minhas feridas deixadas pela ausência do seu sorriso. E seguir viagem. Não procurarei mais sorrisos, depois dos seus, outros não existem. Procurarei por mim. Eu me perdi em alguma parte do caminho ouvindo um sorriso que parecia ser seu.

Texto: Marta Adalgisa Nuvens

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